quinta-feira, 3 de março de 2011

A Santa Ceia e a Astrologia


Além de ser um dos pintores mais famosos de todos os tempos, um inventor e cientista muito à frente de seu tempo, Leonardo Da Vinci também tinha profundos conhecimentos de astrologia, que podem ser percebidos em sua obra A Última Ceia.


    Quando se fala de Leonardo Da Vinci (1452–1519) logo vem à lembrança seu mais famoso trabalho, A Mona Lisa, e o deslumbrante quadro retratando a última ceia de Cristo. Mas nós não podemos esquecer de falar sobre seus outros e múltiplos talentos. Da Vinci terminou poucos trabalhos, embora esboços e estudos sobre inúmeros outros existam aos milhares. Quando ele por fim se dispunha a pintar uma tela, trabalhava dias seguidos, durante os quais mal se alimentava. Muitas vezes sentava-se em frente à obra por um dia inteiro para acrescentar apenas três pinceladas; e, na manhã seguinte, era capaz de limpar tudo o que havia feito até então e começar de novo. Duvidamos que ele tenha chegado a considerar algum de seus trabalhos como completo. Essa exigência consigo mesmo talvez tenha sido a maior razão de tão poucas obras terem levado a sua assinatura.
    Um dos trabalhos mais importantes do Renascimento e da arte universal, A Última Ceia, foi pintado na parede do refeitório de um convento, cuja argamassa não estava adaptada para esse fim. Passados vinte anos, uma mancha de umidade criou bolor, o que alterou a pintura. Mais tarde foi aberta uma porta nessa mesma parede com a mais absoluta inconsciência. Quando os soldados de Napoleão invadiram a Itália, divertiram-se a disparar contra as figuras de Cristo e dos apóstolos. Mais tarde, gerações de restauradores adulteraram a obra. A última restauração – a que melhor respeitou o original – quase lhe devolveu a beleza primitiva. Porém, não fossem os vários esboços preliminares do próprio Da Vinci e as cópias feitas por outros artistas logo após a conclusão da obra, hoje mal poderíamos nos dar conta da perfeição com que a pintura foi concebida e executada.
Levando em consideração que Da Vinci também tinha conhecimentos de astronomia e que nessa época astronomia e astrologia eram uma única ciência, em A Última Ceia é possível perceber claramente que o artista também era profundo conhecedor da natureza astrológica do ser humano.

A Astrologia na Ceia
    Observando a pintura em detalhe, podemos perceber as seguintes relações astrológicas:
    * As linhas diagonais do quadro se cruzam no coração do Cristo;
    * O centro do círculo do arco da porta está na testa do Cristo, expressando a Luz do Mundo, a unidade e a fonte da vida, rodeada pelos 12 tipos humanos, sendo cada apóstolo um receptor das 12 forças básicas originadas pela trindade da luz e seu espectro, que formam 12 pólos e 6 eixos;
    * Quando olhamos uma mandala astrológica, consideramos os signos dispostos nela em uma ordem da esquerda para a direita. Porém, na astronomia, essa posição zodiacal aparece numa ordem contrária, da direita para a esquerda. Ou seja, um horóscopo é o espelho do universo. É a ordem contrária à que aparece no quadro;
    * No primeiro eixo temos os signos de Áries e Libra. O primeiro se mostra franco, de personalidade combativa e força na cabeça (a testa iluminada defendendo a verdade). Representado por Simão e sentado à testa da mesa, é o líder que usa a energia, a iniciativa, impondo por suas mãos qual diretiva tomar;
    * Em 180º, oposto a Áries, está Libra, representado por João. Libra é a harmonia, a justiça, e o próprio semblante de João nos mostra a beleza. João é aquele que medita e mede. Libra é o coordenador, o colaborador, simbolizado pelas mãos entrelaçadas, inclinando a cabeça para evitar o impacto da energia de Áries;
    * No segundo eixo estão os signos de Touro e Escorpião. Touro é o signo que comanda as glândulas, o signo da obediência, da fecundidade física, representado por Judas Tadeu, com cabelo rico e ondulado, mas o semblante atento, para ver de onde virá a picada. A mão se ergue num gesto de aceitar o comando de Áries, de agradar, de obedecer para realizar. Escorpião é o signo que contraria a matéria física e quer despertar as forças latentes, a vida oculta nessa matéria, para uma transformação e renovação, representadas aqui por Judas Iscariotes. Enquanto Touro aceita e executa com o gesto da mão, Escorpião enfrenta e mostra sua vontade, batendo na mesa, recuando para fixar e estudar o conjunto. Judas Iscariotes está com o saquinho de dinheiro na mão. Ele era o organizador da comunidade dos apóstolos, e se lhe foi dada essa função era porque tinha capacidade para administrar. Judas esperava que Jesus, sempre meigo e pacífico, usasse seu poder divino para comandar a revolta do povo para expulsar os romanos. Quando Jesus mostrou que não usaria seu poder para a matéria, mas para a libertação do espírito, o discípulo decidiu traí-lo e depois acabou aplicando em si mesmo o ferrão. Mas não nos esqueçamos de que sem Iscariotes não haveria a cruz, a prova da ressurreição que libertou a humanidade;
    * No terceiro eixo estão Gêmeos e Sagitário. Gêmeos é a esquerda e a direita, o movimento da vida, a formação do intelecto. É o dom da palavra, o homem comunicativo, representado por Mateus, o terceiro na ordem dos apóstolos e o repórter da vida de Cristo. Ele estende a cabeça em direção a Simão (Áries) e os braços em direção a Cristo, o que simboliza a dispersão do movimento para todos os lados. O rosto tem o biótipo esguio, correndo, falando, movimentando-se em todas as direções. Sagitário, o nono signo do zodíaco, expressa a lei da evolução na forma de animal humano em busca do Alto, representa a lei, o dogma, a religião, a filosofia e aparece representado por Pedro, o que elaborou o dogma da Igreja. Com a faca na mão direita, representa também a fera, o animal que está no homem. A parte superior inclinada sobre Judas é o ser humano em busca do avanço com o dedo apontado para o divino. É o animal humano tentando chegar a Deus;
    * O quarto eixo tem Câncer e Capricórnio. Câncer representa sensibilidade, a visão do amanhã e a conservação emocional do ontem, respeito à fé e à gratidão. Na pintura é Felipe, encantado pela fé e pela visão do Cristo, interiorizando-a pelos gestos das mãos que fazem o sinal de seu signo. Fisicamente, tem o rosto cheio e as mãos fofas, representando o “vem a mim”. Contrastando com as de Felipe estão as mãos secas de André, com juntas e ossos salientes, expressando o “longe de mim”, o homem assustado pelo dever, pelo senso de responsabilidade, pela preocupação de ter calculado e raciocinado com precisão;
    * O quinto eixo traz Leão e Aquário, sendo Leão o simbolismo do Rei, o centro, o governo, o que exerce magnetismo e disciplina sobre os vassalos. É a atração, enquanto Aquário é a irradiação. Leão rege o coração e Aquário as veias e a coluna vertebral. Se o constante pulsar entre esses dois pólos, atraindo e irradiando, falhar, não haverá vida. Leão é representado por Thiago Menor, com os braços abertos, significando que Leão atinge tudo ao seu redor, mas visa o seu próprio coração, o ponto central. Esse gesto dá a entender que ninguém pode duvidar de sua lealdade, da confiança de seu próprio poder e força. Thiago Maior é Aquário, o irmão mais velho, a irradiação, o raio da tempestade que não pode ser detida, a liberdade. Thiago Maior visualiza toda a mesa, encostado em Peixes (Bartolomeu). Ele tem sua experiência, forma sua idéia própria, mas suas mão nas costas de Pedro (Sagitário) perguntam: ”Meu irmão, o que tu achas?”;
    * O sexto e último eixo é formado por Virgem e Peixes: Thomé e Bartolomeu. Virgem é a natureza em constante movimento e Peixes simboliza a calma. Virgem é a variação da forma, a vida manifestada; Peixes é a síntese da essência da vida. Virgem é o observar, girar e aperfeiçoar. Peixes é o radar, o sentir, a perfeição. Thomé demonstra a ansiedade, a inquietação no rosto, na busca de querer aprender mais de acordo com o que vê, analisando a minúcia dos defeitos. Até diante de Jesus ele levanta o dedo, querendo averiguar e constatar. Aponta e critica o pequeno erro com a ponta do dedo, colocado diante dos próprios olhos. Bartolomeu, no pólo oposto, tem seus pés situados na luz. Sua compreensão da calma, da visão ampla por cima de toda a balbúrdia da mesa, procura sentir, imaginar, penetrar pacificamente na razão de tudo e de todos. Afasta-se da dor e da ansiedade do presente, situando-se na luz.


Um comentário:

  1. Muito legal cara
    tem de ler e interpretar a imagem ao msm tempo
    mto BOM
    PARABENS

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